ARTIGOS, IDÉIAS, TEXTOS E PROVOCAÇÕES

Não deixe de postar seu comentário, crítica ou sugestão!

sábado, 25 de setembro de 2010

MANIFESTO MEU!

Endurecerei meu coração! Não terei mais comiseração das hordas de miseráveis que vagueiam pelos lixões das grandes cidades, nem dos que padecem em filas intermináveis de hospitais de morte num sistema de saúde falido e dilapidado por falcatruas. Olharei os barracos nas favelas como algo normal e andarei pelas ruas ignorando os homens, mulheres e crianças jogados como cães vadios embaixo de marquises e viadutos.

O deus criado pelo ser humano é cansado e impotente, e não me importarei mais com rezas e orações de desesperados por algo em que acreditar! Deixarei que o Cristo pregado descanse em paz e não olharei para ele com nenhum sentimento. E os Budas, Maomé, Krishna e outro qualquer que tenha tentado dar algum alento a esses seres sem discernimento que procurem outro para escutá-los. De mim não terão mais atenção.

Não gritarei nem reclamarei do 'status quo' desta sociedade doente! Que todos continuem olhando a vida bovinamente, torcendo por times de futebol, por escolas de samba e seguindo qualquer doutrina que lhes seja mais viável, que não lhes incomode e lhes dê a tranquilidade para morrer na paz de um porco imolado. Acharei normal que o funk, axé e outras coisas que tocam por aí sejam consideradas manifestação cultural. Qual o problema? Deixe o governo financiar um projeto do mais novo 'proibidão'! Esse é o povo deste país!

Recusarei qualquer tentativa de me convencerem que há esperança, que um dia as coisas mudam, que o 'ficha limpa' vem aí, que os culpados serão punidos e todo esse blábláblá que já dura mais de 500 anos e parece cada dia mais atual. Terei nojo de políticos, sacerdotes, juízes e todos esses crápulas que infestam meu dia a dia, seja na imprensa, no trabalho, nas ruas. E sempre que tiver a oportunidade, mandarei todos para o diabo que os carregue!

E, finalmente, desprezarei cada segundo que viver nesse país, ufanista e perdedor, vergonha desde o berço, com esse povo vendido e esta casta de predadores que, sem escrúpulos ou decência, insiste em me provar que eles estão certos: vivo num lugar de impunidade, desperdício e estupidez. E sem a mínima chance de ter algum sentimento além de vergonha.